quinta-feira, 28 de maio de 2009

Não Vai Funcionar!

Um enorme grito rasgou sua garganta em direção aos ouvidos do mundo. Suas mãos tremiam, seus ossos quebravam, sua frequência a mesma de uma bomba.
Os versos lhe davam uma ilusão terapêutica, que se dissipava em um piscar de olhos.
Alta tensão.
O mundo girava, a garça sumia no céu, a solidão apertava, os olhos se esvaíam, as unhas cortavam as mãos em um aperto.
O riscar do lápis não se ouvia, o ousar do medo não se via, apenas um grito interno lhe faria chorar.
Acontece que ela não suportava a hipocrisia e as apostas, a injustiça e a vingança, e o não suportar lhe fazia cometer o mesmo erro com quem não merecia, lhe fazia chorar, lhe fazia calar, lhe faria uma pessoa maravilhosa. A mais linda de todas.
Os olhos piscavam, a relva do paraíso tocava, a núvem lhe engolia, seu sonho era consolidado, mas o sopro do inferno lhe destruia.
Por alguns minutos quem sabe se abateria, mas Miguel segurando sua mão dizia que o grão de trigo que cair na terra e morrer produzirá muito fruto*. Ela morreu, mas ao ressucitar do chão, a glória lhe erguia.
Rir na cara do inimigo e dizer: Não vai funcionar!
*Jesus Cristo. In: Novo Testamento. João 12, 24.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Anjo Rubro

Camila gostava de botas velhas e sujas, amava o cheiro do campo e seus cabelos desgrenhados. Era uma menina feliz, como todos diziam ser, afinal, estava sempre com um sorriso de fuligem no rosto.
Todos os dias, saía para as roças de manhã cedo para colher as frutas em seus jardins de matas. Cantarolando sempre ia, a paquerar os pássaros e sentir a aurora em seu rosto tatuado de poás rubros; subia no telhado para convidar o céu a lhe engolir. Claro, era um anjo sem asas.
Um dia qualquer, Camila caiu do telhado em cima das palhas e de um velho criado que nunca havia lhe chamado a atenção. Arrastou-se pelas telhas e calhas e as pedras que formavam o muramento da casa, ao passo que seu sangue misturava-se com a cor de seus cabelos. Percebe-se então envolta por uma corda em sua cintura. Alguém a laçara. De anjo para uma vaca, o que parecia.
Antônio berrava para toda a gente ouvir “Lacei o anjo, peguei o anjo! Agora ele é todo meu!”.
Levou-a para o estábulo e deu-lhe um vestido branco e maltrapilho de flanela, acompanhado de uma coleção de borboletas que o enfeitava. Ele mesmo preparou, como um bom sonhador. O sonho? Fazer também parte do céu, e para isso queria então torna-se uma só carne com aquele ruivo anjo, Camila.
Levou-a a freguesia da cidade, subornou o vigário e então se casou. Seu rosto reluzia refletido nas lágrimas dela e seu sorriso mal o deixava enxergar a injustiça que cometera.
Camila não era um anjo, e isso ele só descobriria à noite...
PS: Finalmente atualizei!

sábado, 16 de maio de 2009

Luto.

Hoje ocorreu um fato deprimente na quadra nove de Sobradinho, uma região administrativa de Brasília relativamente pequena onde moro. Um fato tão frio que podia ser expresso com apenas um ponto final.
Três homens baleados. Dois feridos. Um morto na frente de um bar qualquer. O motivo? Ninguém sabe ao certo; sabe como é né, as pessoas sempre aumentam um pouco a gravidade da coisa, além do fato de serem quase todos bêbados dizendo coisas do tipo “Se eu tivesse uma arma, matava a filha do cara só pra descontar”. Duas vezes deprimente.
A versão mais contada foi a de uma briga por causa de mulher, ou como disse uma testemunha, uma vagabunda. Trágico. Mais trágico ainda é saber que o homicida depois de atirar ainda atropelou a vítima.
Mais tarde, chega a mãe do homem estendido no chão coberto de sangue, clamando pela vida do seu filho inconsolavelmente.
Penso: o que faz uma pessoa matar outra? Inimagináveis fatores.
Por exemplo, estava lendo um texto de Lya Luft (A Crise que Estamos Esquecendo), hoje mesmo, onde ela retrata alguns aspectos responsáveis pela falta de respeito de alguns jovens e sobre a violência. Lya cita os maus exemplos políticos e a falta de imposição de valores e regras nas famílias como culpadas.
Mas ainda vou mais longe: a mídia tem grande poder de ser formadora de opiniões. Juntamente com os pais é preciso estabelecer uma relação com a boa educação, no plano moral, para que o jovem possa construir o seu "filtro de bem e mal". É preciso incentivar o repúdio em relação à situações como essas, pois é a normalidade e o conformismo que deixa a sociedade em estado estacionário em sua postura inerte. É preciso abrir os olhos para medidas um pouco mais eficazes e virtuosas.
Estou de luto não só pela vida deste homem, mas sim pelo futuro dessa humanidade.
PS1: O próximo post não vai ser sobre sociedade e afins. Prometo!

terça-feira, 12 de maio de 2009

O Poder da Comunicação.

Vamos pensar um pouco: quando conhecemos alguém, geralmente perguntamos logo o seu nome. Mas, de que vale o nome mesmo?
O nome, aquele que nós temos na identidade, parece não servir pra nada. Veja: se meu nome fosse Joana, deixaria eu de ser a mesma pessoa, de ter a mesma personalidade, o mesmo rosto? Teria a rosa outro aroma se não se chamasse rosa? E o amor, deixaria de ser amor por ter outro nome? É evidente que não.
Por outro lado o nome pode servir de identificação, classificação ou como uma qualidade. É o que possibilita o tão adorado processo de comunicação. Vale lembrar que a comunicação existe ainda por meio de gestos, mas o ser humano (sábio como é, ou pelo menos como parece ser), penso eu, mesmo mudo, surdo, cego ou sei lá mais o que, daria um jeito de se comunicar. É claro, somos sociáveis por natureza, pelo menos parecemos ser.
Agora pense: o mundo é tão cheio de diferentes emoções e diversas formas de expressividade, como então inventar nome pra tudo? É por isso que o nosso querido amigo Aurélio é tão grande... Mas agora concluo que se as pessoas não lêem e não têm relações interpessoais com gente boa de papo, o processo de comunicação às vezes fica vago demais. Talvez seja por isso que tantas pessoas têm dificuldade em transmitir suas emoções, opiniões e qualquer tipo de coisa por meio da escrita, e às vezes nem em um diálogo quando trata-se de algo geralmente abstrato ou complexo. É só reparar a cara dos seus colegas de classe ao tocar em uma prova de questões discursivas...
O processo de comunicação, então, mostra-se inteiramente ligado as relações sociais das pessoas, uma vez que para conversar com o presidente (a menos que ele seja um “inculto” não formado em ciências políticas, o que eu acho um absurdo!) precisa-se ao menos de um vocabulário mais amplo, conhecimento sobre o assunto discutido e poder de argumentação. Assim, torna-se difícil a interação de diversas culturas por não se identificarem, e, portanto, gerando o preconceito e a intolerância de uma em relação à outra. Para falar-se então em abolição de preconceitos em uma sociedade, é necessário antes promover a inclusão social, um dos assuntos que no Brasil, infelizmente, não parece ser tão importante.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Superficialidade de Um Ser Sociável.

Como são os sentimentos; ora maravilhosos, ora malditos. Incrível como a vida é um ciclo. A gente diz 'olá' à um estranho, nos envolvemos, amamos e depois nos decepcionamos com o ele ou o decepcionamos. Ficamos eufóricos com o desconhecido, tão interessante, tão puro. Isso até destrói a gente, pelo menos eu, que sofro antecipadamente à procura de conclusões. Quando você acha que sabe o bastante sobre aquele estranho que conheceu ontem, é aí que se engana; ele se torna mais um desconhecido de novo. É um grande ciclo inacabável. Somos seres sociáveis, precisamos nos envolver, afinal, como já diria Renato Russo "toda a dor vem do desejo de não sentirmos dor", a mais pura verdade. Não suportamos a solidão e por isso nos relacionamos e tragamos, mais uma vez, a terrível dor. Não que todos irão nos decepcionar, mas é bem possível, já que somos pessoas no mínino com alguma diferença.
Amor, encanto: um toque de navalha ou pluma.
Não só o amor ou o encanto, qualquer sentimento pode ser uma faca de dois gumes, seja o orgulho, a culpa, a incerteza. Cabe a nós administrá-los a nosso favor, mas isso infelizmente não é ensinado por aí nos cursos técnicos, nas universidades e nas escolas que enchem nossa cabeça de várias informações que às vezes são descartáeis. Aprende-se apenas vivendo.
Lamento pela vida dos jovens da nova geração por estar enfiada em um computador, televisão, bomba, funk e blusas caras que qualquer marombeiro tem no guarda-roupa (não que isso seja exclusivamente um mal). Eles vivem em uma casa de espelhos e embora seus reflexos pareçam estupendamente maravilhosos, são apenas iguais e imutáveis, aparentemente. E por quê? Eles são os mesmos seres sociáveis que se encantam com a beleza superficial, que se encantam com o estranho e têm a necessidade de assemelhar-se. Estão todos vivendo a mesma vida, e assim o mundo vira monótono, imutável e repugnante como eles. O individualismo substitui a individualidade. É um nojo saber que os "revolucionários" muitas vezes por seres apenas eles, são vomitados da inclusão social. E daí? Eles preferem muito mais amigos interessantes onde vale a pena descobrir cada detalhe de sua existência, preferem sentir a vida que construíram com um ideal do que ter mais de 500 amigos no orkut.
A ironia é: todos esses jovens dizem querer mudar o mundo, mas como mudar se eles próprios produzem um universo socialmente imutável?

PS1: Post de inauguração, então, me perdoem por possíveis erros e pelos meus textos às vezes serem meio retardados.
PS2: Não quis expressar nesse post preconceito musical ou social, apenas expresso um pensamento.
PS3: Esse post foi inspirado em um texto de um blog de um menino da minha escola (Gabriel Leite) que possivelmente nem sabe que existo.
PS4: Espero que o blog seja bastante lido e que receba vários comentários e opiniões, com críticas, principalmente construtivas. Bom, divirtam-se!