sábado, 13 de junho de 2009

Nostalgia.

Todo aquele tempo bom me remete à lembrança: a água límpida e corrente banhando meus pés, as pedras sambando e acompanhando o ritmo, os pássaros mudos.
Subia ao alto de uma colina com um vestido longo de seda. O vento frio e lânguido parecia penetrar cada poro do meu corpo enquanto meus pelos levantavam-se para comprimentar aquela noite. A grama verde seguia o vento, as sementes plumosas e brancas logo desprendiam-se da flor para dançar também.
Era o senhor do tempo paralisando meus dias apenas para senti-lo; era o senhor de nenhuma sensação aparente, que dominava meu humor em um infinito silêncio.
Meus cabelos se misturavam em um negro céu, a lua refletida em minha pele me fazia a mais alva das mulheres enquanto ao cruzar meus braços sentia o toque de um veludo.
Foi o vento que me fez sentir. Ele sempre está lá, seja para espalhar a terra e traçar uma nova vênus, seja para tirar proveito da hipnose.
É como o tédio, é como a sensação de sentir nada; vazia e pura, não sabe se agrada ou irrita.
Aquela era minha valsa, eu e o vento, o senhor de tudo. Ao pular sentia-me pluma. Incrível como a sensação de não querer ou não sentir nada pode deixá-lo tão leve, tão suave.
Naquela noite poderia até voar; voei em pensamentos. Poderia tudo, desde de que tudo não fosse me despertar e me sugar para o peso do mundo real.
O tédio, o vento; hipnóticos quando contemplados em um chão sem fim e um silêncio analgésico.
Como é bom dançar no salão vazio de minha alma, deixar o vento ser meu companheiro e fazer do tédio um melhor amigo, tocar nas paredes inexistentes da minha mente e perceber a felicidade de meu grande mundo imaterial.



Um comentário:

  1. Eu sempre tive fascinação pelo vento,ele é realmente um elemento meio indiferente,mas ele pode apressar as coisas,ou acalma-las.

    beijo!

    ps=não consigo me cansar da sua escrita!

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